sexta-feira, 15 de abril de 2011

Quem precisa de um cafa?

Adorei esse texto do Xico Sá de hoje.
Não muito pelo o que está escrito, mas pelo tema porque, por algum motivo, acordei pensando nisso hoje. Nas mudanças ocorridas no mundo feminino de uns tempos para cá.

Mulheres nao precisam mais de homens e seu "apoio"financeiro, grande parte das famílias brasileiras é sustentada por mulheres. Conquistamos esse espaço, apesar das grandes desigualdades que ainda persistem entre os cargos e salários.

Não precisamos de um homem para forjar companhia. Temos família, amigos, colegas e conhecidos que preenchem  o lado afetivo, emocional e corporal. Conquistamos a liberdade de estar só.

A Revolução Feminista está em curso.

E talvez isso explique o grande número de separações vindo de mulheres. As relações mudaram. O sentido mudou.

Estar (e permanecer )junto  não é mais o mesmo.Já não há mais tanta necessidade de estar junto, como um negócio,  um acordo ou uma propriedade.


O que há é a vontade de estar junto.

Só que agora em condições definidas cada vez mais pelo lado feminino. O machocentrismo vai lentamente se desfazendo, abrindo espaço para algo novo, algo que se cria nesse exato momento.
E claro que isso não é feito de uma forma suave. Eles resistem a perda do controle, fazem de tudo para manter a hegemonia através dos seus atos ainda culturalmente aceitos, mas que perdem força e sentido com o passar do tempo. Ficam ultrapassados, como os seres encatados escondidos no mar.

A Revolução Masculina está ainda distante. As novas gerações de machocêntricos ainda surgem como hordas reproduzindo os absurdos de um tempo que já passou e que alguns insistem em não perceber.

Afinal, quem precisa, nos dias de hoje, de um cafajeste?

Monopólio do pé-na-bunda

Escrito por Xico Sá
14/04/2011

As mulheres estão conquistando o monopólio do pé-na-bunda. Fato!, como dizemos, em momentos absolutistas, nas redes sociais.

De 2008 para cá, os sismógrafos conjugais do IBGE já mostraram que as fêmeas são responsáveis por 71,7% das separações não consensuais –situação em que um pombinho quer cair fora e o outro senta na margem do rio Piedra e chora.
   
Donde se conclui, definitivamente, que homem é frouxo, só usa vírgula, no máximo um ponto e virgula; jamais um ponto final.
 
Sim,  o amor acaba, como sentenciou a mais bela das crônicas de Paulo Mendes Campos: “Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar...”

Acaba, mas só as mulheres têm a coragem de pingar o ponto borrado da caneta-tinteiro do amor. Fato, amigo absolutista.

Às vezes o ponto final vem com três exclamações, como nas manchetes sangrentas de antigamente. Sem mané reticências...

Mesmo, em algumas ocasiões, contra a vontade. Sábias, sabem que não faz sentido  prorrogação, os pênaltis, deixar o destino decidir na morte súbita.

O homem até cria motivos a mais para que a mulher diga basta, chega, é o fim, seu canalha, vagagundo, cachorro.

O macho pode até fugir para comprar cigarro na esquina. E sair por ai dando baforadas aflitas no king-size do abandono, no Camel sem filtro da covardia e do desamor.

Mulher se acaba, mas diz na lata, não trabalha com  metáforas nem cartão de crédito. Nesse sentido, paga à vista.

Melhor mesmo para os dois lados, é que haja o maior barraco. Um quebra-quebra miserável, celular contra a parede, controle remoto no teto, óculos na maré, acusações mútuas, o diabo-a-quatro.

O amor, se é amor, não se acaba de forma civilizada.

Nem no Crato...nem em Estocolmo. Nem no Beco da Facada, no Recife, nem na Chácara Flora, San Pablo.

Se ama de verdade, nem o mais frio dos esquimós consegue escrever o “the end” sem uma quebradeira monstruosa.

Fim de amor sem baixarias é o atestado, com reconhecimento de firma e carimbo do cartório, de que o amor ali não mais estava.

O mais frio, o mais cool dos ingleses estrebucha e fura o disco dos Smiths, I Am Human, sim, demasiadamente humano esse barraco sem fim.

O que não pode é sair por ai assobiando, camisa aberta, relax, chutando as tampinhas da indiferença para dentro dos bueiros das calçadas e do tempo.

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