Final de ano é sempre meio assim.
Fica aquele climinha, né? Eu definitivamente continuo não vendo TV, mas sei que as "retrospectivas" estão rolando. Até tem o seu valor, principalmente quando os fatos políticos são relembrados. Eu acabo fazendo a minha também.
E que venha 2011.
Prefiro os anos ímpares. Esse ano não fugiu a regra. Apesar de grandes conquistas, transformações, momentos incríveis, prefiro mesmo que ele acabe. Não que tudo vá mudar, num passe de mágica, com a chegada do novo ano.
O que realmente me marcou nesse ano, e mais agora com o início do blog, foi o retorno as discussões feministas. E esse ano foi repleto de fatos, tanto na vida privada, quanto na pública, que me fizeram refletir ainda mais sobre o tema. Na realidade, eu reflito mesmo é sobre o machismo. Feminismo eu não sei bem o que é. Mas entendo muito bem de machismo. Não sei se posso afirmar que toda mulher entende, só porque é mulher. Tem mulher que não entende, tem mulher que não quer entender, tem mulher que não pensa nisso. Não sei. Posso falar por mim e pela minha vivência. E confesso que fiquei muito feliz por conhecer, no universo dos blogs, pessoas que compartilham da minha visão.
Sim, nossa sociedade é machista. Muita coisa já mudou, mas os valores, os preconceito e os papéis ainda são de séculos passados. No meu caso, a desigualdade entre os sexos ficou clara em casa. Com irmão homem, mais velho, nunca entendi as diferenças nas tarefas domésticas e o tratamento diferenciado. E olha que na minha familia a mulherada ia (e vai) a luta, trabalhava, fazia movimento político e coisa e tal. Tinha um perfil um pouco mais progressista, mas em casa era a mesma ladaínha. Meninas para cá, homens para lá. Aquilo definitivamente me incomodava e desde cedo questionava minha família por isso. Cedo mesmo, 6, 7, 8 anos.
Depois, já adolescente, as cantadas canalhas na rua. Aquilo também me incomodava muito. Ficava envergonhada, me sentia invadida. Algo quase naturalizado pela sociedade, um elogio! Eu detestava. Passei a responder. Dizia para ele falar aquilo para a mãe dele, ou para a irmã, a prima ou o caralho a quatro. E, geralmente, eram homens mais velhos. Eu sempre achei aquilo doentio, fruto de uma sociedade que precisava avançar muito no respeito a mulher e a criança-adolescente. Essa tara pelos jovens, essa busca pela jovialidade são, ao meu ver, estratégias de indústrias, facilmente aceitas pela sociedade, devido aos seus valores retrógados e ao desrespeito a mulher. E claro, os homens adoram, pois não precisam fazer auto-crítica ou avaliações constantes sobre seus posicionamentos. Com mulheres críticas, reflexivas e batalhadoras do lado isso fica bem mais difícil, principalmente para quem não quer mudar.
Hoje, décadas depois, o machismo continua ali. No trabalho, na universidade, na família, nas ruas e nos relacionamentos. As mulheres conquistaram o mercado de trabalho, algo também ótimo para os homens ( e sem dúvida alguma, para a emancipação feminina, mesmo que financeira), mas continuam sendo tratadas de forma secundária. Continua se destacando por sua beleza, sua sensualidade e seus dotes. Mas paga um dobrado para ser ouvida e respeitada.
Na política, mesmo não vendo Dilma como uma candidata das mulheres (definitvamente ela não usou isso como estratégia principal de campanha), penso que iniciamos um momento importante, na cena pública, de reflexões mais sérias sobre nossa existência, nas suas variadas formas. Torço, e lutarei, para que esse debate também venha a tona nos próximos anos. E que homens e mulheres possam viver de uma forma mais equilibrada, justa e feliz.
Que venha 2011!
E por falar nele:
ResponderExcluirhttp://altamiroborges.blogspot.com/2010/12/o-machismo-macabro-dos-jornais.html