sábado, 7 de janeiro de 2012

Chico é Chico


Só uma grande amiga para te colocar numa situação dessas.

Já fui muito de ir a shows, principalmente quando eles aconteciam com freqüência e pela orla carioca. Jorge Benjor, Lulu Santos, Tim Maia, Blitz, Farofa Carioca e tantos outros. De uns tempos pra cá (na minha cabeça foi quando o Circo Voador fechou para obras, mas é um marco completamente aleatório), os shows de graça ou os baratinhos e freqüentes foram substituídos por poucos shows caros.

Daí eu deixei de ir. Ora por preguiça, falta de energia para encarar grandes multidões ou por posição política mesmo. Se não pagarmos os shows caros, quem sabe eles não ficam mais baratos? Ou aumenta a pressão para um maior incentivo cultural por parte do Estado? Pensando assim já fiquei de fora de várias apresentações.

Mas na noite passada não deu! Chico estava lá. Eu iria vê-lo pela primeira vez. E que show! Tirando o Chico, que é pura luz, tinha a banda. E que banda! Muita arte aquilo lá. Cada detalhezinho de cada arranjo. Todos estavam hipnotizados com a apresentação. A iluminação e o som estavam perfeitos também.  Só uma grande amiga para me colocar ali.

O pequeno detalhe do final veio da platéia. Não sei se sou eu já com as minhas décadas de vida avançadas ou se ainda tenho algum senso de convivência social nesse Rio 40 graus. A platéia era composta por pessoas de várias idades e principalmente de muitas idosas, lindas, querendo, como todos, ouvir aquele belíssimo espetáculo.

 Já lá para o finalzinho da apresentação, uma fila se forma perto do palco, para que as pessoas, só as que estavam em pé e naquele lugar, colado ao palco, pudessem ver o grande Chico. Só que elas esqueceram que as pessoas que estavam atrás da fila então formada não poderiam ver nada com elas ali. Educadamente a organização da casa tentou explicar isso, mas foi em vão. No bis eles ficaram ali, atrapalhando a visão e o final do show.

A cena mais constrangedora foi quando Chico saiu para o bis. Essa mesma fila de gente correu para o pequeno espaço que havia entre a primeira fileira e o palco e, quando ele retornou, começou a bater fotos como se ele fosse o último mico leão dourado do Brasil. E com flash, apesar dos inúmeros avisos  para que esse mecanismo não fosse usado! Perdi as esperanças de que ele fosse voltar a tocar mais alguma coisa. Acho que ele se assustou e foi embora. O final foi lindo mesmo assim.

A saída também foi caótica. A forma mais tranqüila de sair de lá (uma casa de espetáculos no Aterro) é de taxi. Ali não passam ônibus, não tem trem, metrô, nem estacionamento certo. O jeito era pegar taxi. Só que todos fariam o mesmo e a casa estava lotada. Uma linda fila chegou a ser feita, tentaram organizar a saída daquele povo todo. Infelizmente, não deu certo! A fila não andava nunca. Os taxis já chegavam na “fila do taxi”cheios.

Aí dá uma tristezinha desse Rio de Janeiro. Será que a gente tem jeito? Ou vamos continuar nessa corrida maluca do eu quero tirar a foto do leão dourado primeiro, mesmo que seja na sua frente, atrapalhando a sua visão?  Educação, gente, educação.

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