domingo, 20 de fevereiro de 2011

Remoção de parte da Vila Autódromo, no Rio: não existe outra alternativa?

18/02/11 

por raquelrolnik

Na última quarta-feira, a juíza Cristina Aparecida de Souza Santos emitiu sentença na qual determina a remoção de parte da comunidade da Vila Autódromo, situada próxima à lagoa de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Com a justificativa de fazer cumprir a legislação ambiental, a Justiça do Rio pode estar ajudando a produzir novas ocupações em áreas de risco e de preservação.
Os problemas da Vila Autódromo poderiam ser resolvidos com a implementação de um projeto urbanístico que eliminasse a situação de risco e vulnerabilidade e melhorasse as condições ambientais da comunidade e de todo o seu entorno. Em vez disso, a Justiça autoriza as remoções, sem compromisso com uma solução habitacional que respeite o direito à moradia adequada da população que será atingida.
Desde os Jogos Panamericanos a comunidade da Vila Autódromo vem resistindo às ameaças de remoção. O fato é que ela está localizada na área onde será implantado o projeto olímpico, assim como ações de urbanização e reestruturação imobiliária. Para os interesses empresarias envolvidos na construção e remodelamento da região, as comunidades precisam ser removidas porque elas representam um empecilho à “limpeza” da área. E a prefeitura absorve e adota essa posição como diretriz ao afirmar que essas comunidades têm que ser removidas e não urbanizadas.
O pior de tudo é que não há debate público sobre o assunto. O projeto Olímpico, assim como o da Copa, não está sendo objeto de discussão pela sociedade. Assim, outras possibilidades de projetos, inclusive aqueles que contemplariam a urbanização dessas áreas, não puderam ser elaborados, nem expostos, nem muito menos debatidos ou levados em consideração. É de um extremo autoritarismo fechar todos os projetos para as Olimpíadas e a Copa sem nenhum debate público, com interlocução do governo apenas com o setor empresarial.

Remoção parte Vila Autódromo- Raquel Rolnik

É, Raquel querida, falou tudo.
A discussão sobre os impactos dos megaeventos fica confinada em algumas universidades,  movimentos populares que aglutinam os atingidos e em gabinetes de secretarias que deveriam ser públicas.
O debate sobre Reforma Urbana não consegue ganhar espaço como fez o da Reforma Agrária.
Enquanto isso, não sai nem uma reforma, nem outra.
E pensar que antes falavam em Revolução.
Agora estamos num momento Reforma e, mesmo assim, pouco avanço. O capital tem feito a festa.
Algo de estranho no ar...

2 comentários:

  1. o certo seria, construir novas moradias para essas pessoas próximo a esse local e dar condiçoes dignas para se viver. Seria uma solução boa para os dois lados.

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  2. Olá!
    Ou melhorar as condições do local sem remoção e construir as estruturas dos mega eventos em outro lugar. Ou simplesmente usar o dinheiro investido nos mega eventos em coisas mais necessárias para a sociedade.

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