segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O domingo acabou ou a televisão me deixou burro, muito burro

Eu odeio televisão.
Acho que foi trauma de infância.
Sempre viajava nas férias, mas me lembro de ter passado um período, uma semana, um mês, não sei bem, assistindo televisão por boa parte do dia por alguns dias. Aquilo me trouxe uma sensação de vazio tão grande, que eu nunca mais consegui ficar muito tempo em frente a uma TV. Era como se o mundo estivesse passando do lado de fora daquela caixa e eu ali, hipnotizada por imagens que não me diziam muita coisa. Os filmes tipo sessão da tarde me enjoaram depois dos 8 anos de idade ou perto disso. Descobri que era muito mais legal brincar com os vizinhos, com a vó, jogar dama com o vô ou olhar formigas em fila indiana do que ver aquela porcariada toda.
E a minha mãe não comprava nada das propagandas mesmo, então elas perdiam ainda mais a graça.
Ontem, cansada depois da prova da FAETEC em Sampaio- erg! (nada contra o bairro, meus caros cariocas, é só o nome mesmo), dei aquela chapada básica no sofá. E lá estava ela, a TV. Liguei a dita cuja, peguei o controle remoto e decidi que ficaria um minuto tentando achar algo válido. Passei pelo SBT e, para minha surpresa, era uma entrevista do Lula, provavelmente pouco antes da eleição de 1989. Era o Sérgio Malandro entrevistando e eu quase troquei o canal porque a minha paciência é muito curta, mas como me interesso por política, achei aquilo curioso e dei uma chance. As perguntas foram do nível "por que você usa barba" e etc. Peguei logo no fim e foi interessante ver o Lula falando com cara e jeito de sindicalista. Esse foi um período rico na política brasileira.
A última pergunta foi: "por que escolheu ser presidente do Brasil?" A resposta, com Lula gesticulando por todas as partes e com o linguajar de um líder sindical (bem retratado no documentário ABC da Greve, de Leon Hirszman), foi daquelas que a gente não vê mais. Falou da necessidadade da participação dos trabalhadores na Política e que fazer política não é só votar. Da importância da consciência política, algo que tinha levado um torneiro mecânico, que completou a 4a série, a se candidatar a presidência da república e da exploração dos trabalhadores.

Aquela imagem, dele, naquele período, no Sílvio Santos, sendo entrevistado pelo SM, me chocou um pouco. Ele até chegou a dizer que estava ali para se fazer conhecido pelo público. Era o início da institucionalização de um movimento sindical fortemente combativo. Foi a opção brasileira.

Assim que terminou, virei para o lado e dormi o sono dos deuses. Foram alguns poucos minutos de lucidez na televisão.Estava sem internet.

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